terça-feira, outubro 31, 2006

ACADÊMICOS


Presidente da AMLECE

O escritor José Lemos de Carvalho (Dezinho Lemos) é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Nasceu na Fazenda Baixa Verde, em 03 de julho de 1929, a 12km da sede do município de Mombaça. Obras publicadas: MOMBAÇA CEARÁ E SEU ENCONTRO FAMILIA (crônicas), SALVAÇÃO DO BRASIL (cartas publicadas no Jornal O POVO (CE), SAGA DE UMBELINO - Um soldado brasileiro (cordel), CRIAÇÃO DO MUNDO (cordel), entre outras obras.

AMLECE - ACADÊMICOS E PATRONOS - CADEIRAS OCUPADAS:

José Lemos de Carvalho -- CADEIRA Nº 01 - PATRONO: Plácido Aderaldo Castelo
Guaipuan Vieira --CADEIRA Nº 02 - PATRONO: Hermes Vieira
Caio Lóssio Botelho --CADEIRA Nº 03 -PATRONO:
José Anízio Araújo -- CADEIRA Nº 04 - PATRONO: Cego Aderaldo
Francisco Almir Sousa Cardoso --CADEIRA Nº05 - PATRONO:
Maria Matilde Mariano -- CADEIRA Nº 06 -PATRONO: Rachel de Queiroz
Francisco Castro de Sousa --CADEIRA Nº07-PATRONO:Mozart Soriano
Padre Eloy Bruno Alves--CADEIRA Nº 08 -PATRONO: Olavo de Oliveira
Edson José Pinheiro --CADEIRA Nº 09 -PATRONO: José de Alencar
Aureny Braga Barbosa F. Ramos--CADEIRA Nº10 - PATRONO: Machado de Assis
Luiz de Castro(Lucarocas)---CADEIRA Nº11- PATRONO:Patativa do Assaré
Francimar de Castro---CADEIRA Nº12 --PATRONO: Jarder de Carvalho
Sebastião Valdemir Moura---CADEIRA Nº13 -PATRONO:
Núbia Gomes --CADEIRA Nº14 --PATRONO: Bárbara de Alencar
Silvio dos Santos Filho-CADEIRA Nº15- PATRONO:Romão Figueiras Sampaio
Antonio de Silvanilho de S.Botelho--CADEIRA Nº16 --PATRONO
João Bosco Ferreira Lima---CADEIRA Nº17- -PATRONO:Durval Ayres
Mario Caula Bandeira---CADEIRA Nº18--PATRONO:
Maria Nivanda Medeiros -- CADEIRA Nº19 --PATRONO:

terça-feira, outubro 24, 2006














DISCURSO DO ACADÊMICO E POETA GUAIPUAN VIEIRA NA POSSE DA DIRETORIA DA ACADEMIA MUNICIPALISTA DE LETRAS DO ESTADO DO CEARÁ – AMLECE em 20/05/2006 , NO AUDITÓRIO DA “CASA DE JUVENAL GALENO”


Senhor Presidente da ACADEMIA MUNICIPALISTA DE LETRAS DO ESTADO DO CEARÁ -AMLECE, jornalista JOSÉ LEMOS DE CARVALHO. Senhores Membros desta Academia e Autoridades componentes desta Mesa. Meus estimados Convidados. Minhas Senhoras e meus Senhores.

É de bom alvitre dizer-lhes que este momento solene, em que a cultura cearense ganha a Academia Municipalista de Letras do Estado do Ceará, fundada na manhã de 15 de junho de 2005, e presidida pelo poeta e jornalista José Lemos de Carvalho, veio somar-se às que coadunam com o verdadeiro espírito acadêmico. Esta solenidade me faz lembrar o final da década de 90, quando esta Casa, a convite da Academia de Letras Vale do Longá, sediada no estado do Piauí, formou uma Comissão de Intercâmbio Cultural que, além da Ala Feminina, tomou parte da missão o escritor Alberto Santiago Galeno, patrono desta Arcádia, de quem pude perpetuar com eficácia a sua amizade.
A história das academias vem dos primórdios. Nasceu da criação de uma escola fundada pelo filosofo Platão, no ano de 387 a C. para preservar os gostos de Academus, herói da guerra de Tróia. Templo que embora destinado ao culto das musas, mestres e discípulos trocavam experiências sobre filosofia, matemática, música, astronomia e legislação, destacando-se um dos seus discípulos, Aristóteles. Ressalve-se que aquela tradição cultural que originou todas as academias e universidades de ensino superior do ocidente foi brutalmente fechada por ordem do imperador romano Justiniano, em 529 d.C.
Mas o espírito acadêmico refugiou-se em outras plagas, permitindo seu renascimento, que se deu formalmente no século XVI, em Paris, na Europa, em 1570, com a criação da Academia do Palácio. Em Portugal, as Academias dos Generosos (1647) e Singulares (1663). O mundo exaltava as letras e as artes, edificando suas academias e imortalizando seus escritores.
O Brasil, não diferenciou seus talentos, a capital do país, Rio de Janeiro, era marcada pela vida cultural e de publicações à literatura. O Nordeste de lutas e conquistas de um povo antropologicamente resistente aos problemas sociais e apegado as suas raízes culturais, fazia nascer na capital cearense um movimento de importantes seguimentos culturais e literários, originando a Padaria Espiritual, em 30 de Maio de 1892, cujas aspirações deu-se com a consolidação do Realismo e o nascimento do Simbolismo.
Naquele momento consolidava-se a Academia Cearense de Letras, a primeira no país, propiciando o surgimento em 1897, no Rio de janeiro, da Academia Brasileira de Letras.
Fomos influenciados por todas as escolas literárias, da quais herdamos com veemência, aptidões de lutarmos por movimentos solidários ao enriquecimento da nossa cultura, em todos os seguimentos. Compromissados pela arte e pela vida, também erguermos uma bandeira, cujo mastro servirá de elo aos que buscam uma cultura sem jaça.
No caminho que percorremos haverá respostas indefinidas, às quais confrontaremos nossas idéias buscando a consolidação dos nossos objetivos. A AMLECE é mais uma guardiã da cultura que entra para a história.

Meu muito obrigado,
Cadeira nº 2 - patrono poeta Folclorista Hermes Vieira
GUAIPUAN VIEIRA EXALTA A OBRA DO PATRONO


Foi o acompanhando nas pescarias das lagoas adjacentes dos rios Poty e Parnaíba e nas caçadas em noites enluaradas que aprendi a gostar de sua poética e admirá-lo muito mais. Constituía tudo isso em pano de fundo para que nos jogos sutis do raciocínio aflorasse a espontânea, habilidosa e atraente poesia, na linguagem expressiva do homem do campo. Na construção dos versos, observa-se a eficácia de estilo próprio, fruto de criação inata, que da escola da vida o tornou autodidata. Da mágica e do imprevisto, sua poesia brotava, celebrizando o folclore de sua região :

" Vosmincê, doutô, conhece,
Ou já viu falá no nome
Desse bicho qui aparece
Nos camim quando anoitece,
Qui se chama lubisome" ?!

Nesse cantarolar de estrofes e versos , herdeiro de vocações do homem sertanejo , traduz a expressão ingênua e resignada do sofrido homem do campo, que para amenizar as agruras da vida, carrega no bornal da esperança o terço da fé:

" E o mais triste, seu doutô /Pra nóis pobe fregelado/ Si acabando aqui e ali,/ É si sê fíi dum Brasi,/ Dum Brasi civilizado, /Dum Brasi riligioso /Dum Brasi de tanto nome/ Dum Brasi tão rico e forte/ Dêrna o Su até no Norte /E morrê gente de fome !!!

A poesia de meu pai brotava dessas circunstâncias ,que na visão dos acadêmicos ,como J. Miguel de Matos , é " a maior expressão da poesia folclórica do Piaui". Arimatéia Tito Filho fez uma análise aprofundada do lirismo de Hermes Vieira quando disse " (...) abrangendo aspectos da vida e da natureza , psicologia das gentes,bichos, episódios amorosos e trágicos, alimentos, cerimônias, amores escondidos, mitos, lendas , superstições, doenças, músicas e anedotas" . O professor Josias Clarence Carneiro da Silva também reconheceu a poética : " ...o mundo fantasioso de Hermes Vieira é uma colcha de retalhos da vida campestre ..." . O professor e escritor Cineas Santos, quando na apresentação do livro PIAUI SERTÃO , desse poeta decantado , fez uma síntese da obra em verso :

"Quem conhece o Piauí,
Quem já viveu no sertão
Ao ler os versos de Hermes,
Sente brotar emoção
Calada, adormecida,
Nas brenhas do coração."

Na capital alencarina , o professor de literatura Gletson Martins , conhecedor da bagagem literária de meu pai , afirmou : "... representa os valores da nossa cultura popular. Sua poesia , repleta de figuras e flagrantes do cotidiano nordestino , exalta a beleza dos costumes do homem do campo, sem perder as sutilezas tão difíceis de retratar em uma obra de arte. (...) Grandes os homens que sabem captar o sentimento intuitivo que emana da arte , principalmente se a mesma se encontra em seu estado natural nos costumes de um povo, com suas tradições, crendices". O poeta e jornalista Zózimo Tavares, em artigo publicado na revista DE REPENTE, de Teresina-PI, faz alusão ao saudoso poeta folclorista e indianista: " a poesia popular nordestina perdeu em 17 de julho passado uma de suas principais expressões, o piauiense Hermes Vieira. Ele morreu em Fortaleza, ao 89 anos, e foi sepultado em Teresina. O poeta está para o Piauí como Patativa do Assaré está para o Ceará. Com uma diferença: não foi cultuado por nós, como Patativa é, como muita justiça, pelos cearenses". O poeta e professor piauiense, residente em Fortaleza, Gerardo Carvalho Frota(Pardal), Em versos saudou o inesquecível poeta:
"Fiquei muito impressionado/ Quando li Hermes Vieira/ É um poeta popular/ Que traz em si a verdadeira/ E a mais legítima expressão/ Cravada neste Sertão/ De uma cultura altaneira./ Eu com seu conterrâneo/ Me sinto muito orgulhoso/ Pena que pessoalmente/ Eu não tive o precioso/ Prazer de ter conhecido/ Hermes Vieira e sentido/ Seu poetar valioso/ Como aqui no Ceará/ Tem a voz do Patativa/ No Piauí também tem/ Uma voz forte e ativa/ Que cantou a vida inteira/ O poeta Hermes Vieira/ Que se manterá bem viva/ Nosso Piauí perdeu/ Um poeta de valor/ Da poesia piauiense/ Ele foi o embaixador/ Pra continuar seu brilho/ Que pro Guaipuan seu filho/ Continue inspirador".
Câmara Cascudo disse que : " como prosódia popular do verso claro e ágil , Hermes Vieira reúne evocações de figuras e paisagens regionais, dando um ramalhete em que a alma nordestina vive como um perfume ." E conclui :" uma inteligência observadora e sagaz, manejo fiel do vocabulário certo, emoção ao recriar os temas que pertencem ao patrimônio regional. Ele transmite às mentes distantes o feitiço de sua terra e de sua gente." A reflexão da crítica literária desperta-nos com ênfase a perspectiva de um novo estudo – a linguagem do verso caboclo sob diversas nuances - em sua poética. Além de contribuir para a preservação do patrimônio lingüístico de um povo, a obra resgata sutilezas fonéticas bem regionais. Dispensam comentários os vários estudos que abordam a obra desse vate piauiense:
TROVADOR DE ROÇA

Eu sou fio do alto do sertão
Fui vaquêro e tombém fui caçadô.
Na viola, chorando no meu peito,
No terrêro, ao luá, fui trovadô.
Muitos tôros bravio na caatinga
Com o aboio sereno eu dominei;
Muitos brabo e rebelde coração,
Na viola, ao luá, eu conquistei.
Muitos tigres valentes, na floresta,
Abati cum sertêra pontaria;
Muitas fera de saia de argudão
Dominei cum as minhas canturia.
É qui um dia, caçando num forró,
Atirei bem no zói de meu afeto;
Desse tiro hoje vejo im meu redó
Quinze fio e noventa e nove neto.
PIAUÍ
Teus montes, as montanhas e as colinas;
Teus vales ubertosos, florescentes;
Teus campos matizados, sorridentes;
Teus brejos fabulosos de águas finas;
Teus rios, tuas fontes cristalinas;
Teus lagos pequeninos,transluzentes;
Teus bosques perfumosos, viridentes;
Teus belos chapadões, tuas campinas;
Teus ricos e pomposos estendais
De flores e de frutos naturais;
De lindas borbuletas multicores;
De ledos e canoros passarinhos,
São tudo para mim dourados ninhos,
São bálsamos que acalmam minhas dores !


CARRO-DE-BOI
Carro véio de boi, purque tu geme
E lamenta siguindo o teu camim?
É purque tu vai indo assim puxado,
Conduzindo esse fardo tão pesado,
Qui tu geme e lamenta tanto assim?
Carro véio de boi, neste momento,
Cuma tu qui lamenta, geme e chora,
Cunduzindo outros fardo bem pesado
Pur camins turtuoso, imbaraçado,
Tombém muitos vão indo mundo afora.
Eu bem sei qui tu sofre, sem tê curpa,
Uma dô pur'o peso qui condúiz,
Mais,ti alembra qui o Fio de Maria,
Padecendo tombém tanta agunia,
Sem tê curpa, arrastou pesada crúiz.
E eu tombém,cuma tu,meu carro véio,
Arrastando e sofrendo ím meu camim,
Vou levando mil saca de amargura
Pra butá no paió da sipurtura,
Cedo ou tarde, onde ispero isto tê fim.
E purisso, tem carma e vai siguindo
Teu camim, padecendo conformado:
Foi sofrendo, cum carma, qui Jesuis,
Adispois de cravado numa crúiz,
Pur'o mundo vem sendo festejado.
"Eis os versos de meu pai, /Que decantam o meu Nordeste /Daquele caboclo astuto /Chamado cabra da peste; /Que enfrenta seca e fome /Mas não renega o seu nome/ Nem mesmo por simples teste."

FOLHETO DE CORDEL VIRA TEATRO

Folheto de cordel vira peça Teatral


Um grupo de estudantes do Colégio Ângelus, no bairro centro, na Grande Messejana (Zona Sul da Capital do Ceará), em comemoração a Semana Nacional do Livro, que transcorre entre os dias 23 a 27 do mês de outubro, homenageiam o ilustre filho do bairro,o escritor José de Alencar, através do cordel ÍNDIA IRACEMA NA LAGOA DE MESSEJANA, do poeta piauiense Guaipuan Vieira, radicado em Fortaleza. A obra do poeta além de narrar a biografia de José de Alencar exalta a chegada da nova estatua de Iracema na lagoa que originou o nome daquele logradouro. O folheto agora foi adaptado em peça teatral e sobre a coordenação da jovem estudante Thais Pereira faz sucesso naquela comunidade.

Reportagem extraída do jornal escolar do Colégio Ângelus(23/10/2006)

Início do blog da AMLECE

Estamos hoje, dia 24 de Outubro de 2006, iniciando o blog da AMLECE - Academia Municipalista de Letras do Estado do Ceará.